Lua Vermelha – 3ªtemporada - Episódio 50 – “Let’s have some fun!”
Atualização de 22 janeiro 2015 - NOVO EPISÓDIO DIA 26
ESTOU DE VOLTA! - Tenham uma ótima leitura... :D
Continuação…
Incapaz de se segurar ali, Joseph realmente não pode deixar de concordar com Martha, ainda que a atitude descontrolada da vampira seja demasiado suspeita num sentido incompreensível, para já.
- Não sei porque tanto o temes, e também não quero nem saber porque tanta razão lhe dás! – avisa, encarando-a intensamente perspicaz. – Mas tens razão! – admite, olhando para a saída dali. - Tenho andado a evitá-lo… Quero que ele viva um pouco na solidão… - comenta, sentindo a força da palavra “solidão” cair aos seus ombros. – Chegou a hora de lhe mostrar a verdade! – conclui, forçando um sorriso maléfico e voltando a encarar Martha, numa autêntica provocação de charme britânico. – Let’s have some fun!
…
- Olhem só quem ele é!
Henrique, ainda algo transtornado, seguia ilusoriamente livre para o exterior do casarão, na procura de alguma paz e poucas intrigas. O “ataque” de Jasmine não foi nem vai ser razão para preocupações ou dúvidas – talvez apenas algum constrangimento entre ambos –, o que realmente cria desassossego é a revelação de André e a questão que não lhe sai da cabeça: “Que faço eu aqui?” – ponderando em simultâneo na possibilidade de que fugir não seja nem tão difícil, nem tão perigoso...
Mas uma voz feminina, mesmo atrás de si, parou-o ao fundo da longa escadaria que os leva directamente para o hall de entrada.
Pilar não podia desperdiçar a oportunidade. Já observou demasiado a postura de Henrique, para perceber facilmente que ele se esforça mortalmente para ser discreto e manter à distância qualquer impulso de rebeldia. E esse sacrifício de autocontrolo só a leva a confirmar o que tanto esperava de alguém como ele, que acabou de chegar contra vontade… Evidentemente, não vai acatar quaisquer que sejam as ideias de Joseph! Obviamente, há um plano! – E claro! Há muito que Pilar esperava por uma ocasião assim!
- O quebra corações cá do sítio… - conclui a vampira, num comentário de provocação e malícia.
- Precisas de alguma coisa,… – replica Henrique, fechando os punhos como se isso assegurasse a sua calma e encarando-a seguidamente. – … Pilar?
- Não estou assim tão carente… - esclarece ela rapidamente, num sorrisinho sarcástico que apenas Henrique saberá retribuir tão bem, e ela sabe disso.
- E o que te leva a pensar que satisfaço mulheres como tu? – o vampiro age tal e qual como ela esperava, com provocação e o mesmo sorrisinho sarcástico de sempre.
Estes dois são demasiado parecidos!
- Sai do meu caminho! – exige ele, depois de lhe virar costas para sair.
Mas Pilar atravessa-se à sua frente, à velocidade da luz.
- Está bem! – concorda. – Mas primeiro vais ouvir-me! – avisa, autoritária. – Acho que vais querer ouvir-me… - corrige, com mistério.
Na opinião de Henrique, aquela vampira nunca seria totalmente uma ameaça, não enquanto fosse tão parecida com ele mesmo. Mas isso! Essa semelhança entre ambos, até agora desconhecidos… Talvez deva preocupar-se!
- Fala!
Num breve instante, Pilar certifica-se de que ninguém ouve. Mas há demasiada gente concentrada num salão ali perto, portanto… Agarra-o pelo abraço e arrasta-o para o relvado, no exterior, parando apenas debaixo da sombra que já se forma nas traseiras da casa, anunciando a noite…
Pela segunda vez no mesmo dia, Henrique sente-se estranhamente assediado… Claramente, aí está uma excelente oportunidade para lançar comentários maliciosos.
- E dizes tu que não estás carente…
- Não me provoques! – retorque ela, tentando ignorar esse rumo da conversa, que ela iniciou.
Sim. Demasiado parecidos!
Simplesmente esperando para ouvir algo relevante que justifique a perda de tempo, Henrique nada diz, até porque nada tem a dizer.
- É simples! – começa Pilar por garantir, cruzando os braços. – Já deves ter percebido que sou demasiado… Como tu!
O rapaz franze o sobrolho, surpreendido – e algo assustado – com o óbvio.
- Portanto, como deves imaginar, tal como tu, não vim para aqui de boa vontade e nem quero ficar aqui para sempre! – explica, ignorando a incredulidade expressa no rosto do rapaz à sua frente. – Tenho planos contra o líder desta porcaria toda, só não posso colocá-los em prática sozinha! – esclarece, rápida de objectiva.
- Só podes estar a brincar comigo… - murmura o vampiro, denunciando naturais dúvidas e total impaciência. – Tenho mais que fazer, com licença! – informa, preparando-se para sair dali e deixá-la sozinha com a sua tentativa fracassada de o fazer de parvo.
- Eu posso ajudar-vos a sair daqui! – persiste Pilar, teimosa, agarrando-o bruscamente pelo braço para assegurar a oportunidade, insinuando que precisa de ajuda mas também dará a sua.
Uma gargalhada bem sonora, sem qualquer preocupação com a discrição que tem defendido, é lançada por Henrique.
- Eu não sou estúpido! Pareço estúpido? – resmunga. - Há quanto tempo estás aqui, afinal? Se quisesses sair, já tinhas saído!
- Não é assim tão simples! – lembra Pilar, demasiado séria para estar realmente a gozar com ele.
- Não acredito em ti! – interrompe ele imediatamente, numa voz repleta de razão.
- Vais mesmo desperdiçar esta oportunidade? Eu sei muito sobre o Joseph…
- E eu já sei o suficiente! – replica. – Admite! Esta conversa não passa de mais um plano dele! – insiste, confiante de que Joseph é esperto demais para não atarefar alguém a intrometer-se entre os rebeldes e evitar fugas.
Pela última vez, Henrique atreve-se a deixar a conversa por ali, deixando a jovem vampira sozinha.
Desta vez, Pilar nada consegue fazer contra. Henrique tem razões para duvidar. Mas também ela tem razões para estar ali há tanto tempo, há décadas, aproximando-se de Joseph, ganhando a sua confiança naturalmente, sendo quem é e lançando ameaças ao próprio sem problemas, se necessário e, principalmente, ansiando pelo momento certo… Que nunca chegou. - Até agora! – Uma desilusão intensa expressa-se através de um olhar negro e mortal na bela vampira. Desilusão que Henrique já não testemunha.
…
Aquela fenda da janela que Martha deixou aberta, ao sair, foi sem dúvida uma luz de esperança ao fundo de um túnel sem fim. No entanto, tem-se revelou-se insuficiente. Afonso não está melhor. Não como esperava. O seu corpo fraco e expectativas debilitadas são tudo o que tem. - Por agora. É o que espera!
Felizmente, não precisou do seu dom – controlar e influenciar os sentimentos e sensações das pessoas – para causar algum desânimo naquela vampira. Foi demasiado simples deixá-la fora de si. Bastou aproximá-la da verdadeira razão de tudo, mas como ali não têm razões para nada…
A sua ainda fraca audição, porém, continua apurada o bastante para detectar a aproximação de passos pesados e apressados, perfeitamente sincronizados. A porta abre com violência e uma figura demasiado elegante para parecer bruta marca presença com malícia.
Alguma repulsa toma conta dos órgãos vitais de Afonso, que ergue o rosto, encarando Joseph com intencional determinação. Para si mesmo, chegou a pensar na possibilidade absurda de aquele vampiro ter-se esquecido dele… Pois. Absurdo!
- Heard that you missed me! – comenta o vampiro, numa pronúncia perfeita, voz marcante e postura autoritária e única.
- Duvido que alguém sinta a tua falta! – atira Afonso, com a maior arrogância que consegue reunir na expressão e na voz, rouca.
Exibindo umas belas luvas pretas de cabedal, o vampiro ostenta também o punhal que há uns dias roubou do antigo baú de “Jaguar”, que ainda permanece ao lado de Afonso e, ao contrário do que Joseph pretendia, fez o rapaz habituar-se à ideia de que aquele baú é realmente de Isabel e que isso não tem que o incomodar – contrariamente, fê-lo sentir-se mais próximo dela…
Joseph fecha a porta atrás de si, aproximando-se de Alphonzo vagarosamente, sem qualquer urgência. Antes, uma paciência malévola, um desejo de vingança que não precisa de justificações… Assim, tão simplesmente ignorou a resposta que recebeu.
- But do you know what you really should miss? Should live with? – continua ele, algo vaidoso, como sempre acreditando-se irresistível, intocável e superior quando fala no seu inglês perfeito.
O vampiro passeia provocativamente em torno de Afonso, sem dar importância à janelinha aberta…
- Your memories, Alphonzo!
Brutal e impiedoso, Joseph agarra a nuca de Afonso pelos cabelos, puxando-o para trás, forçando-o a inclinar-se para evitar dor. Mas as correntes que o prendem pelos braços não deixam liberdade para movimentos.
Quase simultaneamente, Afonso sente algo frio e metalizado deslizar sobre o seu pescoço, ferindo-o ligeiramente, o suficiente para garantir que qualquer ser, mais ou menos digno, mais ou menos poderoso, tem as suas inevitáveis fraquezas. Um fio leve de sangue desliza lentamente pela clavícula do rapaz.
Mais depressa do que esperava, do que desejava, as memórias invadem-no.
A primeira?
Mary Jane.
Continua…
BREVEMENTE: Episódio 51 - "Memórias" - Joseph vai demasiado longe. As mais obscuras memórias de Afonso são resgatadas a todo o custo do seu subconsciente e inesperadamente expostas. Que memórias serão estas? Quais serão as consequências? - CURIOSOS?
Bjs <3 a autora