Lua Vermelha – 3ªtemporada - Episódio 74 – “Mortes Planeadas”
Continuação…
- Não se preocupem, ela vai ficar bem! – disse Luna, no momento em que Beatriz assentou no colo de Francisca, que no ultimo segundo correu para a amparar. – Eu sei que vai! – a sua afirmação transmitia confiança.
Tudo parecia estar bem, até que a revelação mais inesperada é feita. Beatriz foi mordida no primeiro confronto com um dos “novos vampiros”, no mesmo local e logo após Isabel ter posto fim aos problemas com os tios.
- Como assim vocês sabiam e não disseram nada? – ripostou Francisca, a sua voz indignada também espelhava vaga desilusão.
- Nós não sabíamos, só desconfiávamos… - intervém James, que havia chegado nesse dia de confronto, apoiando Isabel.
- A nossa relação é complicada… - assumiu Isabel sobre a vampira. – Fiquei à espera que ela se queixasse, era óbvio que ela o fizesse, mas o tempo passou e parecia que estava tudo bem! – justifica, sincera, pois realmente acreditou que tudo não passasse de uma confusão e que Beatriz estava bem.
- Ela nunca iria preocupar-nos se pudesse suportar o problema sozinha… - concluiu Vânia, acocorada ao lado de Francisca.
A discussão pareceu longa, mas na verdade foi bastante breve. Mais Antigo fez questão de lhe pôr termo, enquanto Beatriz parecia mover-se ligeiramente, a cabeça em particular. Os mais atentos notariam que ela tentava a qualquer custo falar, exprimir-se.
- Vamos manter a calma! – pediu, a sua voz elevando-se com autoridade. – Luna, pareces querer dizer alguma coisa…
E a jovem queria mesmo.
- Não quero soar mal, mas eu soube que isto ia acontecer há uns minutos atrás… - revela, sorteando a forma certa de o dizer, e ouvindo exclamações sussurradas de quase todos. - E também sei que ela vai ficar bem, em breve teremos uma cura para isto! – a segurança da jovem era surreal.
Pedro, aproximando-se dela, consegue sorrir entre todos os vampiros petrificados, e comenta: “Estás em alta, hoje!”. Conseguindo uma ligeira expressão de sorriso da rapariga.
- Continua… - pede Mais Antigo, urgente.
- Tudo acontece por uma razão, e eu acredito que podemos aproveitar este acontecimento de uma forma boa! Ela vai sobreviver a isto, assim como tudo o resto se vai resolver sem danos colaterais para o nosso lado, se continuar-mos a fazer por isso! – começou por dizer, inspirando fundo antes do remate final. – Mas o Joseph precisa de acreditar que eles morreram! Ele precisa do pior de nós!
…
- Foi isto que aconteceu! – desabafa Francisca, com alguma revolta na voz e expressão preocupada. - Dá para acreditar?!
Depois de dar a explicação mais detalhada possível a Cristina, Francisca ajuda-a a improvisar mais uma cama na cripta, enquanto James carrega Beatriz como uma pena. Vasco troca palavras rápidas e quase imperceptíveis ao telefone, junto à porta.
– Foi orgulho e muita sorte que a fez aguentar tanto tempo assim, agora só podemos esperar um milagre! Eu vou fazer o possível e o impossível, para não desiludir as previsões da Luna. – garante, enquanto a vampira é deitada sobre uma cama mutável.
As marcas de dentição são ainda visíveis sobre a pele arroxeada do antebraço esquerdo de Beatriz. Essa mancha de pele, estende-se até à mão e ombro através da marca ainda mais saliente das veias. Cristina começa por improvisar, apertando um pedaço de tecido forte em torno do ombro, esperando impedir que qualquer infecção continue a espalhar-se, mas já seria bom se apenas abrandasse.
- Alguma ajuda, seria bem-vinda? – pergunta James, olhando o corpo ainda imóvel de Henrique, e calculando que Cristina não terá nem tempo, nem forças para os dois. – Eu tenho alguns conhecimentos do ramo, acho que não iria atrapalhar… - oferece-se.
- Aceito! – apressa-se Cristina.
Vasco aproxima-se, cauteloso mas urgente.
- Desculpem interromper… O Mais Antigo vai prosseguir com o plano de buscas para capturar os restantes vampiros, e aceitou a Luna no comando, hoje! – revela, quase sorrindo. – A ideia é falsear ataques e algumas mortes, começando pela da Beatriz.
- Só espero que essa emboscada não traga veracidade às ideias da Luna… - suspira Francisca, deixando de lado a revolta, pelo verdadeiro desassossego.
Pensar em Afonso, que não faz ideia onde e como está, e olhar para Henrique e Beatriz ali mesmo à sua frente, sem vida nas expressões, deixa o coração de Francisca mais angustiado ainda.
- Vai correr tudo bem… - apressa-se Vasco a assegurar, com alguma calma e muita necessidade na voz. – Provas! – lembra-se. – Vão ser necessárias provas dos supostos ataques e consequentes mortes! O Mais Antigo vai obviamente encarregar-se dos falsos anúncios oficiais que vão espalhar o caos e chegar até ao inimigo. Prevê-se a chegada de vampiros solidários e revoltados que queiram participar da luta, e só esses revelaremos a verdade! – explica, rápido e sucinto.
Ouvindo atentamente Vasco, enquanto espalhava organizadamente alguns objectos e equipamentos em torno de Beatriz, Cristina sugeriu fotografias das mazelas das vitimas como prova.
Vasco confirma a ideia. James tira o telemóvel do bolso e fotografa o braço de Beatriz, de maneira a que a própria seja identificável.
- James, ficas aqui? – questiona Vasco, concordando com a ideia de que Cristina tenha algum apoio e recebendo um gesto afirmativo e já atarefado do vampiro. – Francisca?
- Mantenham-me informada! – pede. - Sobre os dois! – reforça, afastando-se com alguma dor e culpa por deixar dois dos seus “filhos” num momento assim.
Continua…