Lua Vermelha – 3ªtemporada - Episódio 77 – “Pessoas morrem todos os dias…”
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Continuação…
Algumas horas mais tarde…
Na velha prisão dos vampiros, os cinco capturados começam a dar sinais de vida dentro das celas. Cada um tem a sua, pois calculou-se que em grupo seriam fortes e perigosos, mesmo dentro de uma cela, assim que reavivassem.
À entrada, estrategicamente posicionadas para ter todos debaixo da visão, Isabel e Verónica permanecem armadas. Luna está entre as duas. Por sua vez, Mais Antigo faz-se acompanhar de Francisca e Vasco, e dos seus Guardas, aos quais pede por voluntários que fiquem a vigiar as celas junto com Isabel e Verónica, e que questionem os capturados assim que for possível, para que se possa identificá-los devidamente.
- Vou publicar a falsa notícia, agora… – anuncia Mais Antigo, preparando-se para sair, acompanhado de dois dos seus Guardas.
Francisca e Vasco ficam.
Sensivelmente meia hora depois, um dos guardas começa a questionar um dos novos vampiros. Diz chamar-se Brian, e aparentemente está no seu estado normal de consciência, evidente através da expressão assustada de quem não reconhece as pessoas, o lugar, e de quem não se lembra como veio até ali.
Entretanto, alguns dos presentes recebem uma mensagem. É uma notificação nos telemóveis que lança o aviso de que uma nova notícia foi publicada no portal online da Comunidade.
O artigo, publicado oficialmente pelo Mais Antigo, notícia os recentes confrontos em Sintra, e nos restantes locais por onde os novos vampiros passaram até chegar ali. Como planeado, noticia também as consequências. Entre as vítimas, estão nomes de quem infelizmente morreu mesmo, e outros estrategicamente lá colocados, como Beatriz, Henrique, os cinco capturados e escondidos na prisão, entre outros que se ofereceram para “desaparecer” e ajudar a dar ainda mais realismo aos factos. Imagens não sugestivas das identidades de quem se apresenta vêm em anexo, como meia confirmação.
Enquanto lê a noticia ao pormenor, Francisca arrepia-se ao observar o seu nome entre as supostas vítimas.
- Vai ficar tudo bem… - sussurra Vasco, ao seu lado.
Ela esforça-se por esboçar um ligeiro sorriso, e fechar a notícia, o telefone exibe uma imagem que a deixa pensativa por alguns segundos. É uma pedra preciosa azul escura, com pormenores que lembram estrelas no céu nocturno, e ao perceber que Vasco reparou de soslaio na fotografia, a vampira apressou-se a arrumar o telefone.
…
Mais uma vez, Henrique acorda da anestesia. Mais uma em três vezes que reavivou e Cristina se apressou a contrariar a situação. Por alguma razão, murmurava um pedido de desculpa sentido e um juramento de que ia conseguir resolver tudo. No entanto, o efeito do calmante desaparecia, ele acordava, e algo parecia ainda não estar resolvido. Não que a vampira não estivesse a ser verdadeira relativamente a não desistir. O tempo e as circunstâncias é que talvez não estejam a favor.
Desta vez, Henrique decide não se pronunciar, nem se mexer, permanecendo quieto, o mais calmo e natural possível. Recusa-se a voltar ao mundo do nada por meio de mais uma injecção, mesmo consciente de que Cristina não o faz por maldade. E enquanto recupera força e consciência, mantendo-se de olhos fechado, imóvel, discreto, tenta perceber o que afinal se passa à sua volta, desconfiando que Cristina já não está apenas ocupada de si.
Acaba por ouvir uma conversa entre a médica e um outro vampiro.
– O veneno está bastante concentrado no braço, e embora tenhamos estancado o sangue contaminado nessa zona, as análises acusam partículas estranhas em toda a corrente sanguínea. – resume, novamente. – Filtrar-lhe o sangue com o equipamento apropriado é uma boa ideia, mas para isso o sangue deve circular e se nós pararmos de estancar a maior parte do veneno no braço, a fatalidade pode ser mais rápida que nós…
- A menos que consigas drenar pelo menos a maior parte do sangue dessa zona… – sugere o vampiro. – Se não houver multiplicação do sangue e do veneno, talvez seja mais seguro…
- Porquê que tudo nestes dias tem sido arriscado?! – lamenta, Cristina. – E a Beatriz é a última pessoa que merece isto…
Num silêncio arrebatador, Henrique abre uns olhos negros. O vampiro ouviu um nome que o deixou em sobressalto, pois nem conseguia identificar a pessoa pelo perfume, algo no seu sangue é mais forte.
- Dá-me um endereço, diz-me o que precisas, que eu vou e volto em minutos! – garante o vampiro.
Henrique ouve Cristina dar a morada de sua casa a um vampiro que se compromete a ir até lá e voltar com um equipamento tecnológico completo de hemodiálise. A vampira acrescenta que é preferível que James – Henrique ouve finalmente o nome - leve o seu carro, por estar preparado para aquele tipo de mercadorias, e ouvem-se umas chaves tilintar.
Ouvem-se passos apressados, James deixa Cristina sozinha com dois doentes. E ela está nervosa e preocupada perante um caso de emergência que nunca lhe passou pelas mãos – Henrique consegue sentir os músculos da vampira contrair com os nervos, e o sangue a circular mais depressa no seu corpo.
O novo vampiro olha para o lado e vê Cristina de costas para si, quase inclinada para cima do corpo inerte de Beatriz – é mesmo ela. Empenhando-se para que a médica não se aperceba da sua agitação, o novo vampiro fica a observá-las enquanto domina a respiração acelerada pela muita inquietude. Cristina começa o extrair o máximo de sangue possível de um dos braços de Beatriz, cujas veias estão negras e salientes.
…
Com um sorriso rasgado, Joseph recebe no grande salão os seus vampiros. Movimentando-se de um lado para o outro, em frente a Lucius que segura um computador portátil aberto, virado para si.
Joseph observa cada irmão dos seus entrar, analisa-os com a sua postura altiva e inglesa.
Quando mais ninguém falta, não perde tempo.
- Chegou a nossa hora! Amanhã saímos para o terreno! – faz anunciar, numa voz alegre, poderosa. – Nós estamos fortes, muito bem treinado em questões de concentração, auto-controlo, combate… - lembra, num discurso simples que pretende não tornar demorado. – E os nossos principais inimigos foram eliminados! – comunica, e com um gesto ordena a Lucius que vire o ecrã do computador para os presentes. - O Líder deles acabou de publicar uma notícia deveras interessante!
Breves instantes depois de ler…
- Espera aí, mas… - começa Sandro, saindo dos fundos da sala, aparecendo detrás de toda a gente, para enfrentar o louco. – Eles morreram?!
- Danos colaterais! – responde imediatamente o auto-proclamado líder daquele grupo de vampiros mutantes. – É uma pena, mas o nosso foco agora deve ser outro… - diz, com falso pesar.
- Danos colaterais?! É uma pena?! – avança Akira, incrédulo, apoiando o amigo.
André avança com eles. Apesar da triste notícia, este é o momento certo para tentar pôr mais pessoas ali dentro contra o monstro inconsciente que é Joseph. Mas não esperava que ficassem sozinhos naquela luta, a morte dos restantes é uma verdadeira bomba.
- Tens a indecência de nos tratar como irmãos, de insistir em convencer-nos de que para ti somos como família, para no fim de contas chamares à nossa eventual morte de “dano colateral”! – expõe André, malicioso, não tão discreto e acanhado como de costume.
- Pessoas morrem todos os dias! – constata, como quem lança um facto inédito. - Aqueles inúteis saíram de livre e espontânea vontade… - reforça o inglês, com sotaque perverso nas palavras.
- E o outro?! Foste tu que o convenceste de que ele era o melhor e mandaste-o atrás dos humanos, dos… dos tios da herdeira do “Jaguar”! – insiste um outro jovem vampiro, o primeiro fora do grupo dos rebeldes que questiona a lealdade e o respeito de Joseph por todos eles.
- Enough! – grita, com poder e desprezo na voz. – A nossa prioridade é acabar com a raça dos vampiros! Quando terminarmos, este mundo ficará sem dúvida melhor…! – salienta, causando pânico nuns e adrenalina noutros. - … Independentemente das consequências…! – termina.
Continua…
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Bjs <3 a autora