Lua Vermelha – 3ªtemporada - Episódio 61 – “A Revolta” – Parte 2
Tenham uma ótima leitura!
Continuação…
- NO! NO! NO! – Joseph grita em necessidade de negação, tentando convencer-se de que os seus planos não podem estar a ser manipulados por outros. – Ungrateful little bastards! – continua, ignorando não estar sozinho.
Quebrando os praguejos do inglês, Lucius atreve-se a tomá-los como claramente inúteis no momento.
- Evitando mais perdas de tempo… - começa, insultantemente quase tão majestoso quanto Morgan – Sugiro, com o maior respeito, que voltemos para casa e nos preparemos o mais rápido possível para sair daqui, vingar a traição das tuas, aparentemente, mais fiéis amigas, e evitar males maiores que os outros quatro insolentes podem criar contra nós!
André assiste a tudo, desde o início, quieto, calado, apenas pensando demasiado. Tendo eles deixado Alphonzo Stuart para trás, deverão voltar em breve certamente, e é preciso que alguém, como ele mesmo, se prepare e facilite a partir de dentro, a derrocada do mesmo império. André viu como é possível testar poderes maiores e desconhecidos apenas com a força da vontade e desejou tê-lo feito no mesmo instante. Mas o seu pensamento, silencioso, discreto, pacato como sempre, estava afinal a uma impressionante distância à frente do dos outros. Joseph precisa de acreditar que nem tudo está perdido. Alphonzo precisa de apoio. Os seis que partirão, agradecerão no retorno.
Joseph recompõe-se, com dificuldade, raiva transparecendo no seu rosto, na respiração acelerada, nas mãos em punho.
- Tens razão, jovem Lucius. – admite, algo ofendido, mas acreditando que isso o valorizará como líder. – E que traição tão grande foi essa afinal?! – questiona, autoritário. - Não que eu esteja a duvidar das tuas palavras… Elas mesmas entregaram-se quando fugiram… Mas…
- Elas só anteciparam os planos escritos nessa carta… - replica Lucius, apontando para o papel no chão, com desprezo. – Pretendiam sair daqui, combinar um encontro com as duas conspiradoras malucas de sempre e quem quer que tenham mobilizado, e ajudá-las.
Uma breve agitação entre o grupo faz-se sentir ao som das palavras cuspidas de Lucius, arrogante.
- Então apressemo-nos! – intervém Joseph com uma nova urgência, antes que Lucius tente assumir novamente o comando.
Uma raiva infinita transparece nos seus passos apressados, punhos cerrados e olhar sombrio. Todos abrem caminho para que Joseph passe, evitando interferir no seu caminho.
– Tragam o prisioneiro! – ordena, referindo-se a Alphonzo Stuart. – Com o poder dele… - começa, parando por instantes para encarar o grupo. – Um poder fortificado pela mágoa da saudade, raiva, tristeza, amor… - esclarece, apreciando cada factor com um sorriso forçado. – Eles vão tornar-se ainda mais fortes!
- Mas ele tem vontade própria, não vai deixar que usem o seu poder, e pode acabar por destruir a barreira de vez… - intervém André a gaguejar, arrependendo-se de ter falado no exacto momento.
Todos o analisam com olhares de ameaça e desprezo. Joseph retoma as suas passadas largas, furiosas, mas em ao vampiro, que se encontrava discreto atrás de todos.
- Ele não sabe controlar o próprio poder! Não faz ideia sobre como e para quê, o usar! – esclarece, altivo e em desdém. - Os outros vão canalizá-lo e servir-se do poder dele, a seu favor! – continua, admirando o olhar inocente e assustado de uma das suas mais recentes aquisições. – Ou, a nosso favor! – corrige, num sorriso. - Simples! – conclui, mesquinho, gozando-o, como se acabasse de explicar a alguém muito estúpido, a coisa mais fácil do mundo.
O que ele não sabe, ou simplesmente tende em ignorar, é que na realidade André sempre foi uma inteligência nata, escondida pela modéstia e alguma timidez, e que acaba de perceber que a razão por ser tão subestimado por todos, é o medo que tem dos superiores, o medo que lhe foi imposto cruelmente desde a infância, e mantido mais tarde por uma carreira promissora pouco valorizada pelos colegas ditos guerreiros.
André está prestes a libertar-se de si mesmo. Vê Joseph afastar-se, impunemente e vitorioso antes sequer que a verdadeira guerra tenha chegado, ignora que os outros o seguem e que deveria fazer o mesmo, mantendo-se perdido no pensamento enquanto o compara inevitavelmente a Raul Andrade. Também esse se achava superior, aclamava o fim dos vampiros e acabou na pior imagem da verdadeira hipocrisia, um monstro pior que os próprios que julgava.
Quando decide seguir o grupo, admitindo manter uma suposta submissão por fins maiores, já André tinha previsto o futuro de Joseph, reflectido no de Raul.
…
Atravessar foi mais fácil do que pensavam. Bastou vontade, uma dose de atitudes impulsivas e um espírito que de tão rebelde se revela livre de qualquer controlo desconhecido e temido.
O problema mesmo e agora é a agonia profunda que os tortura, uma reviravolta no estômago, uma sede desconhecida, a visão algo turva…
- O quê que está a acontecer!? – Jasmine implora a resposta, sentindo que vai perder os sentidos a qualquer momento.
- Vocês! – acusa Henrique num grito, apontando com severidade para Pilar e Martha, ignorando que ambas estão potencialmente a passar pelo mesma agonia. – Que lugar é este e o quê que está a acontecer? – exige, impondo-se, ainda que uma sensação de vómito o deixe incapaz de qualquer ataque.
- Estamos mais perto de Sintra do que pensas… - começa Pilar, ajoelhando-se no chão como quem se rende ao inevitável, enquanto pensa acalmar os ânimos com o que acaba de dizer…
Henrique não consegue ver bem, náuseas afectam-no de tal forma que a própria terra parece balançar à sua volta. Simplesmente, não dá para identificar o local onde está.
- E caso não te lembres! – intervém Martha, ofendida com a forma como ele as trata. – Atravessar implica assumir uma outra natureza! – relembra, também ela necessitando de se agarrar a alguma coisa estável.
Vampiros que se alimentam de vampiros. Pois… Talvez devam pensar em arranjar um nome mais simples para essa nova aterrorizante espécie que Joseph parece estar a conseguir criar. A ideia de bluff era demasiado conveniente para ser real.
- Seja lá o que for, não vou ficar aqui! – pragueja Brian, tropeçando nos próprios passos, enquanto se afasta o mais rápido que consegue.
…
Quando James adivinha o próximo passo daquele demónio que já imobilizou Beatriz e que, entretanto, atirou Isabel pelos ares com uma forma descomunal, enquanto esta tentava libertar a ex-líder, decide dar finalmente uso à arma que trouxe consigo durante a viagem até Sintra. Um punhal dourado, com uma impressionante lâmina de prata revela-se nas suas mãos. Achou que poderia precisar dele durante a viagem e, percebe agora, que o seu instinto estava a prepará-lo para a chegada. O vampiro, que parecia inconsciente ainda há alguns minutos, preparava-se para cravar os dentes no pescoço de Beatriz quando James o apunhalou pelas costas, aproveitando a distracção que a estranha sede por sangue de vampiro lhe causava.
- Boas noticias?! – propõe James, a adrenalina fazendo-o estremecer. – Este tipo acaba de morrer tal como qualquer um de nós…! – sorri, forçadamente.
- Más notícias?! – continua Beatriz, imitando-o com alivio, alegria e medo num conjunto aterrorizador, fazendo-a pensar o pior. – De onde veio este, virão mais! – termina.
- Dimitri. – conclui Isabel.
Pensamentos em sintonia, mais palavras não são necessárias para expressar o facto óbvio que acabou de se manifestar mesmo ali, à frente de todos.
- Criar vampiros que anseiam sangue de vampiros, parece-me um plano tão absurdo quanto perfeito para alguém que pretende acabar com a própria raça! – a voz de Mais Antigo ecoa até eles, vinda do outro lado do jardim.
No mesmo instante em que falou a alguns metros deles, Mais Antigo e Luna estavam já entre eles.
- Filha…! – Isabel abraça Luna instantaneamente, num carinho incondicional. – Desculpa… Eu… - gagueja, calculando que a jovem possa saber que ainda há poucos momentos a própria mãe era um demónio.
- Eu sei, mãe… - com um sorriso leve estampado no rosto, aceitando o abraço da mãe, Luna mostra que sabe mesmo tudo, e que não a julgará pelo que seja.
- Isabel, o que quer que tenha acontecido aqui… - intervém James, tentando esclarecer e acalmar a situação no que respeita a esse assunto. – Vamos esquecer, por agora! – sugere. - Está tudo bem! – garante, e volta-se para a ex-líder. - Está, não está?!
- Por agora… Sim! – aceita a vampira, tapando algo no seu braço esquerdo com a mão direita, de forma suspeita, como se não quisesse instalar preocupação.
…
- Renato! – chama Vasco, ainda antes de entrar. - Precisas de alguma coisa, por aqui?
Empenhado em conquistar a confiança e respeito de todos, mostrando-se sempre disponível, preocupado e prestável, Vasco chega ao Bloody Mary, ainda desconhecendo alguns dos novos problemas que a comunidade enfrenta, e despreparado para o que vê
- Oh, não…
O cenário com que Vasco se depara seria impossível de imaginar e prever. Renato estendido no chão, o seu pescoço desfeito e um coração seco deixando-se transformar em cinza. Uma figura estranha, em pé, demoníaca e poderosa, parecendo deliciar-se com alguma coisa, começa a voltar-se para encara-lo. Dimitri.
- Sabem porque resisti tanto à vossa tortura amadora?! Porque permaneci fiel aos meus, recusando-me sequer a tentar fugir? – questiona, impondo-se, fazendo o promissor líder recuar num medo inconsciente. – Porque um verdadeiro e fiel soldado sabe o que quer e espera pela oportunidade certa para atacar! – explica, num sorriso afiado e manchado de sangue. - Na verdade… - continua, corrigindo-se numa elegância mesquinha. – Eu estava só a empatar-vos! Percebi que podia ser muito mais útil ao Joseph aqui, roubando-vos tempo e assustando-vos sem controlo, matando-vos, enquanto enfrentam tão pateticamente o desconhecido.
…
Os humanos já têm o destino resolvido - alguns vampiros que, milagrosamente, conseguem trabalhar num hospital, estão a chegar. Quanto às cinzas do vampiro que atacou Beatriz, usá-las-ão como mensagem contra Joseph. Entretanto, os cinco decidem seguir para a cripta, onde acreditam que Dimitri pode estar já a tornar-se um problema.
No início do percurso de regresso, Luna explica com poucos mas bons pormenores a sua experiência, garantindo que pode encontrar uma forma de se juntar aos Naturales, desproteger Joseph e encontrá-los. Estão com pressa, por decidem acelerar o passo ao estilo velocidade da luz.
- Impressionante! – comenta James, já observando o Bloody Mary.
- Só não faço ideia do que foi tão capaz de questionar o poder deles que os tornou, assim, vulneráveis a mim, que nem sei o que faço… - confessa Luna, referindo-se aos Naturales.
- Se essa razão que procuras não for mais um problema, o que importa?! – questiona Beatriz. – Ainda bem que assim foi!
- Agora que finalmente sabemos com o que estamos a lidar, podemos orquestrar um plano definitivo e pô-lo em prática. – continua Luna, verdadeiramente empolgada e ansiosa.
- A revolta está prestes começar! – ameaça Isabel, com uma imagem idealizada de Joseph Morgan no pensamento, ele caindo no desespero e na dor.
- Se é que já não começou! – corrige Beatriz, sempre sem tirar a mão direita do antebraço esquerdo, parando repentinamente para ouvir e sentir a confusão que vem do Bloody Mary.
…
Já estão a andar há alguns minutos, com dificuldade, cambaleando, tendo já desistido sequer de tentar correr. Falta-lhes o ar, as náuseas são insuportáveis e a sede intensa que sentem piora tudo. Recorrem à força uns dos outros para se manterem em pé, formando uma corrente.
A visão cada vez mais turva impede-os de reconhecer o local onde estão, e manchas de luz começam a ofuscar-lhes o caminho. Percebem que continuem entre a floresta, através sensações habituais de um local desabitado por qualquer ser que não animais e plantas, o silêncio, o cheiro da terra, das árvores, das flores. Isso deixa-os tranquilos e agitados simultaneamente, pois ali ninguém verá no que eles se tornaram, mas nesse caso, também ninguém os ajudará.
Talvez por ter sido o primeiro a desafiar a realidade, Henrique é também o primeiro a perder definitivamente as forças, caindo no chão num desmaio rápido e inevitável. Ainda conscientes, os companheiros tentam reanimá-lo, mas pouco a pouco, um a um, acabam na mesma situação. Os olhos fecham-se, o corpo cai em sofrimento e rende-se à força natural da biologia manipulada.
Continua…
[Boa Noite! Gostaram do que leram? Fiquem para ler e ver mais... :D Nova parte do VIDA de VAMP em breve, assim como MEMÓRIASdeVAMPIRO e Novos Episódios!
PS: - Desculpem as recentes demoras, mas espero que compreendam que tal como qualquer pessoa tenho problemas e responsabilidades. E então nós, os pobres que acabamos de fazer 18 e os pais não nos podem sustentar toda a vida... :D :P
Demoro a publicar porque sou uma perfecionista sem tempo... Mais uma vez desculpem...
Bjs <3 a autora]